sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Doce mel, doce fel, doce vício.

O medo de não mais te ouvir me ensurdece por vezes meu querido. Me cega, e deixa minha razão muda. Conheces o tamanhão da tua crueldade quando me deixas sozinha perante o espelho? Sabes tu que sem ti meus dias são vazios e minhas palavras não tem um pingo da minha essência? Sem teu delicioso fluxo de devaneios, minha boca seca, meus dedos emagrecem, tornando-se finas e grosseiras varetas inúteis!
Para onde vais quando me largas com os cabelos despenteados e a mente distante? Onde se instala o tempo quando te manténs distante? Não entendo por que me punes com tamanho prazer, mas que posso eu fazer? Fizeste-me uma mera serviçal perante teus tão queridos ditos. Que pode meu espírito suportar quando estas distante? Nada! Torno-me frágil como um cristal, mas opaca e confusa como o vidro da janela que embaça com minha respiração. Permaneço te esperando, descabelando-me e torturando-me; deliciando-me com a doce perspectiva do momento em que me darás a honra de tocar tuas palavras, e ter de voltar minha sanidade em seu estado original.
E então quando entras efusivamente porta adentro, ditando-me tua vontade, meus paradoxos tornam-se claros e doces, como o mel das abelhas que tanto me atormentaram durante tua ausência. Não ouço mais o seu zumbido, mas ouço teus ferozes sentidos meu querido. E finalmente, terminamos, eu sentada no chão, com inúmeras folhas espalhadas pelos tapetes que teci enquanto estava distante. Sim, eu com certa petulância imitei Penélope, mas minha esperança era mais desbotada do que aquela que lhe mantinha viva.
 Meus dedos já cansados repousam em minha nuca, meus olhos já molhados de tamanha emoção pousam no branco rabiscado que tenho em mãos. Meu espírito saciado e agora calmo, volta a ser meu.


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