segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sede sóbrios.

Enquanto teus olhos vertem água, tua pele resseca diante do luar.
Teus dedos tem maior utilidade do que apenas contar o tempo. Já te disso isso uma vez. O tempo não gosta de ser segurado, contado com números, eles são insípidos demais.
Abre teus braços, verás que teu corpo parece maior assim.
Sei que teus pés negam-se a andar agora, mas lembra-te que sua petulância tem motivos de ser, lembra-te que em algum de seus passos tu os maltrataste. Não esqueças tu também de seguir.
Não deixes teus medos dançarem ao teu redor. Assim como teu amor, eles podem te segurar pela cintura e rodopiar até caíres.
Minha criança, nenhuma palmatória te dará cicatrizes mais bonitas do que os calos em tuas mãos. Eles são o fruto do teu amor, sejas grata a eles.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

"Conhecerei como sou conhecido"


Diante de um céu que nos observava com seus inúmeros e brilhantes olhos, disseste-me que somos muito maiores do que estes frágeis e peculiares corpos. Disseste-me com tua típica e serena alegria que nossos propósitos, nossas crenças e nossas virtudes são grandiosas enquanto nossas, enquanto amadas.
Enquanto carregavas meu coração, buscando acalmar minhas frustradas tentativas de um sorriso, mostraste-me mais uma vez quão grande tu és. Não esqueças disto agora meu doce anjo. Te imploro que não dês mais valor as frestas que tens do que a plenitude que carregas em teus braços, em teus sinceros e tão queridos sorrisos. 
Não te peço que sorrias agora. Sei que por vezes, sacrificar-se não parece fácil, ainda que por um amor maior do que nossos pequeninos olhos podem ver. Mas que tu sintas o que sabes, que tu andes por entre os mais belos jardins, mesmo que com a visão embaçada pelas lágrimas, as flores ainda estarão ao teu redor. 
Te ajudo a carregar qualquer peso que a ti for destinado, onde, quando e como quiseres. 


domingo, 25 de março de 2012

"Onde supus o meu ser"

Fico feliz com teu retorno minha velha querida. Sabes que por ti, o tempo deu-me grande apreço. Tuas palavras não são as mais gentis, e teus olhos costumam estar mais sedentos do que meus próprios pés. Mas sabes que em nossos devaneios, em nossos sinuosos traços, tu és minha mais querida companhia. Sabes que quando tua preguiça envolve minha silhueta, um véu me é tirado.
Peço-te com certo cuidado que sejas mais sutil por aqui, algumas coisas mudaram, algumas palavras tornaram-se mais importantes do que as tuas, aquelas que antes pulavam de teus lábios em sacrifício. Se teus nuances forem mais claros, prometo-te minha atenção. Do contrário, peço-te que vás embora, que de mim tu esqueças, ou que em mim tu não tentes mais habitar. Com pesar posso procurar outra companheira para meus dias se assim desejares. 
Não sejas cruel a ponto de me alienar, não sejas leal  a ponto de fazer-me mais feliz do que o céu tem-me feito.

“No coração do homem nasceste, em seus dedos foste moldada. Tomaste pulmões, lábios, vontades. Mataste dogmas e temores. E no fim, nada és além de ilusão.”



domingo, 4 de março de 2012

O antônimo de efêmero II

Desejo compartilhar contigo o amor que abraça meu espírito nestes dias. Quero dizer-te sobre o que sinto, sobre o que amo, sobre quão forte é saudade que invade meus olhos.
Em nenhum momento de meus dias serei capaz de demonstrar plenamente o amor que por ti eu nutri, com base em nossas lágrimas, sorrisos e atos, que as vezes eram tudo que tínhamos. Minha gratidão vai além dos laços que nos envolvem e unem. Minha felicidade, minha admiração são destinadas a ti, por teus preceitos, por teus olhos cantantes, pela tua escrita, pelos teus cabelos e pela beleza de todo o teu ser. Pela imensidão qeu habita em ti.

“Que leveis para guerra que vos dirigis o pleno amor, a luz que muitos desconhecem, as lágrimas que nutrem, as mãos que servem e repudiam efêmeros números.” 

sexta-feira, 2 de março de 2012

"Prefiro as pernas que me movimentam."

[...]

- Como se tocar teus olhos fosse me convencer de que me vês.
- Não sei do que estas falando.
- Mas estou falando. Não estou escondido atrás do biombo que pintaste pra mim. Quero que me olhes agora. Que prestes atenção.
- Minha atenção é tua.
- Quando?
- Sempre que és minha companhia.
- Não creio que estejas sendo sincera.
- E o que crês então?
- Creio fielmente que de ti nada tem sido meu.
- Tens de mim o que buscaste ter. Não é o necessário?
- Tu preferes as estradas cheias de curvas. Entre uma e outra um pedaço teu se perde. É tudo que me dás. Sempre fico atrás de ti, correndo pra recolher o que sem perceber tu deixas escapar. Não me basta mais isso. Quero mais.
- Não dessa forma. Assim, não sei o que queres.
- Te quero por inteiro.
- Antes querias por pedaços.
- Agora sou mais forte.
- Meu peso não é o mesmo.
- É mais valido, e se tu não puderes me conceder o que te peço, vou sorrir com petulância e te dar as costas.
- Vou sorrir com tristeza e te dizer que sou o que posso ser, que só sei doar aos poucos, que somos diferentes. Não sou como tuas paixões que por vezes te afogam.
- Não costumas fazer só o que podes. Fazes muito mais, és muito mais do que esse pequeno corpo diante de mim.
- O que queres dizer?
- Exatamente o que digo. Não és só o que podes ser. Tu és. É isso que quero.
- Não creio que tu consigas ir embora.
- Eu  também não. Mas por vezes não creio que estou ao teu lado, ainda que esteja.
- Quando irás?
- Quando me deres o que eu quero.
- Não estás sendo sensato.
- Se estivesse, já teria ido.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Teu valor muito se excede ao dos rubis.

Tuas mãos carregaram meus pulmões por algum período de tempo, de espaço e de amor. Foste tudo que pude sentir. Ainda que em dor, me fizeste mais forte.
Nada seria de meus pés sem teus confusos e tão queridos mapas. Nada seria de minha beleza sem as sementes que plantaste e nutriste em mim. Sementes que lembram-me do mundo de onde vim e para onde vou [ao teu lado].
 Tua força escorre por teus cílios, tuas palavras saltam de tuas mãos, de todos os teus poros.  A suavidade de teu toque, de tua face esquenta o mais frio deserto que a ti for imposto. O azul que inexiste em tua iris tomou lugar por detrás do véu que te cobre, reside sereno em teu âmago.
Não és maior do que o tempo, mas concede aos que te precisam o teu. Não és maior que o poeta, mas teu silêncio sorri ao escuro, tornando assim meu temor uma doce gargalhada.
Não te agradeceria agora por tua presença constante, sei que ainda tens muitos tapas e afagos a me dar, ainda tenho muito a te retribuir, mas que tu saibas desde já, que em minha figura torta, em minha escrita cheia de buracos, em meu canto cheio de vontades desafinadas, tu estás [estarás] durante todos os meus dias e em todas as minhas felicidades e tristezas. Tu viverás em mim, tu és o que busco ser, o que aspiro um dia conseguir. Te amo com a mais sincera vontade de ser digna de teu orgulho, o mesmo que tu me dás.


" A fragilidade do cristal não é fraqueza, mas pureza." 


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"Abre ao sol teu coração"

"A serenidade tomará conta de ti se fores fiel a ela. A paz que tanto quiseste e tanto deixaste de lado está diante de ti agora, tudo que precisas fazer é saudá-la com respeito, com gratidão, e então, dar um passo. Ela irá te envolver por inteiro, irá te guiar sem pesares, sem temores, sem qualquer barreira que tu sejas capaz de criar.
Não traves batalhas desnecessárias contra aqueles que nada podem fazer contra tua força, contra aqueles que nem mesmo conhecem teu nome. Não sejas tola, não entregues aos porcos o que te foi dado pelos anjos. Não sejas fraca, não proclames o que não sentes, mas não busques aquilo que sentes ser oposto ao que amas.
Baixa tuas armas, ergue teus olhos e verás que nenhuma dor terrena é tão grandiosa quanto a divindade de tua natureza, nenhuma tristeza é tão grande que não possa ser sobrepujada, nenhum buraco é maior do que o céu que te serviu de berço.
Seca tuas lágrimas, a não ser que elas sorriam ao sol. Ergue tua voz e eleva o doce cântico dos justos que nada tem além de si mesmo e de suas crenças. Ama teus dias, eles são tua alegria aqui. Agradece ao tempo, ele te magnífica, te concede os sentidos e também te tira o que não és digna de ter.
Segura a terra que te serve de alimento, planta sob teus pés o amor que tens pelo teu próximo, a beleza que os invisíveis vêem. Ergue teu estandarte, reluz ao sol." 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

" O verdadeiro amor lança fora todo temor."

A insipidez dos olhos que deram-me forma tomou seu lugar em mim. Habita serena, como um paladar destemperado, como o sol criado por mãos humanas. Sinto-me frio, vazio, e nada há que mude isso por completo. Nada há que me convença de que sou algo maior do que vejo, nada há que eu saiba que esquente minha vontade.
Basta-me sentir a força que minhas verdades passam-me, basta-me saber que em algum momento, meus passos serão firmes não pela necessidade disso, não por um efêmero medo de não mais caminhar, mas pela sinceridade que inspira sorrisos, pela música que ilumina, pelo aroma que embebeda, pela fé que nada teme [que não se desgasta]. 
Eu sei onde estão minhas estacas, sei onde plantei minhas sementes, sei o que me nutri, e nunca antes ter-me importado o saber [apenas o sentir], esse é agora o solado dos meus pés. 

"Que tem siso"

Escrevo a ti sem grandes pudores, sem grandes ambições. Uma simples tentativa de entender o nó sobre meu pescoço, e enrolar um pouco as linhas sobre o teu.
Como já foi dito por uma sábia pensante antes de mim, “não sei contar com números”. Não os quero, toma-os se quiseres, mas não ouse oferecê-los a mim como se fosse tudo que tu pudesses me dar.
Quero tua poesia, teu aroma, teu frescor. Quero o que és, não o que sabes ser. Quero o que sentes mais do que tuas palavras. Se não tens como me fazer subir aos céus com tua voz, que tu me faças então ver o chão de perto graças a tua ausência. 

"Que teus passos, 
teus pássaros,
teus versos sejam livres no ar.
Que no tempo encontres o teu lugar."

sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Nada sois que eu me sinta."

[...]

- Covarde és tu! Que só apareces quando ninguém mais está por perto.
- Não sejas petulante criança.
- Perdoa-me, esqueci que este é o teu papel. Que direito é esse que tens de vir até mim e perscrutar meus olhos à procura do teu reflexo?
- Por que não me mandas embora?
- Porque não me ouves, já fiz isso antes.
- Não, me mandaste sair, mas não foste dormir. Não sejas estúpida, ou tua hipocrisia vai te engolir.
- Desde que ela não me mastigue como tu fazes...
- De que tanto reclamas? Só estou aqui porque tu deixas, sabes que só sou forte na tua fraqueza, sabes que pouco me importa a dor que te causo, mas vou atender a teus pedidos se pelo menos tu ouvires e sentires o que dizes.
- És egoísta, aspiras todo ar em volta de ti.
- És fraca, me alimentas.