Sentei-me diante de ti. Meus poros abriram-se para a tua cor, para o que dizias e como dizias. O sol emprestava-me seu calor com delicadeza. Tua voz emprestava-me um pouco de vida, que me vinha faltando ultimamente.
Meu espírito subiu ao zepelim que se erguia leve no céu, leve como o peso das palavras que eu carregava já com certa dificuldade. Eram tantas perguntas sem resposta e sem quem me respondesse, além dos tapas que eu sucessivamente levava das escolhas que fazia. Decidi não voltar para o conforto do meu teto até descobrir o que faltava e o que sobrava. Eu não tinha vontade de acender nem apagar nada, apenas conseguir a luz necessária para iluminar minhas pequenas certezas, meu pequeno campo de batalhas. E enquanto dizias o que pensavas com uma melodia inconfundível, me ajudavas; não a achar minhas respostas, mas a querê-las cada vez mais, a sentir seu aroma, como eu sentia o do azeite que temperava tua voz. Ansiei por alguns segundos te dizer o que queria, te perguntar se podias me doar um pouco de ti, o quanto quisesses e pudesses; mas guardei minha ânsia no lugar mais aberto e escondido que achei dentro de mim. Seria fácil demais colocar meus nós diante de ti e esperar que fizesses deles linhas, delicadas e livres.
Meus olhos encheram-se de lágrimas, meu coração ocupou todo espaço que lhe era concedido dentro do meu peito. Eu estava feliz apesar de tudo, apesar de todas as nuvens e todo cinza que vinham me sendo imposto. O sol de repente atravessou meus olhos e instalou-se dentro de mim, iluminou meus anseios e duvidas, meus dragões e anjos, mostrou-me que as respostas viriam, através de ti ou de quem eu me dispusesse a permitir entrar. As lágrimas escorreram e tu, com teu singelo olhar me consolaste, com tua estranha melodia pediu-me para ser mais feliz, para aceitar a paz como ela deseja vir, e não como eu desejo tê-la.
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