domingo, 26 de fevereiro de 2012

Teu valor muito se excede ao dos rubis.

Tuas mãos carregaram meus pulmões por algum período de tempo, de espaço e de amor. Foste tudo que pude sentir. Ainda que em dor, me fizeste mais forte.
Nada seria de meus pés sem teus confusos e tão queridos mapas. Nada seria de minha beleza sem as sementes que plantaste e nutriste em mim. Sementes que lembram-me do mundo de onde vim e para onde vou [ao teu lado].
 Tua força escorre por teus cílios, tuas palavras saltam de tuas mãos, de todos os teus poros.  A suavidade de teu toque, de tua face esquenta o mais frio deserto que a ti for imposto. O azul que inexiste em tua iris tomou lugar por detrás do véu que te cobre, reside sereno em teu âmago.
Não és maior do que o tempo, mas concede aos que te precisam o teu. Não és maior que o poeta, mas teu silêncio sorri ao escuro, tornando assim meu temor uma doce gargalhada.
Não te agradeceria agora por tua presença constante, sei que ainda tens muitos tapas e afagos a me dar, ainda tenho muito a te retribuir, mas que tu saibas desde já, que em minha figura torta, em minha escrita cheia de buracos, em meu canto cheio de vontades desafinadas, tu estás [estarás] durante todos os meus dias e em todas as minhas felicidades e tristezas. Tu viverás em mim, tu és o que busco ser, o que aspiro um dia conseguir. Te amo com a mais sincera vontade de ser digna de teu orgulho, o mesmo que tu me dás.


" A fragilidade do cristal não é fraqueza, mas pureza." 


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"Abre ao sol teu coração"

"A serenidade tomará conta de ti se fores fiel a ela. A paz que tanto quiseste e tanto deixaste de lado está diante de ti agora, tudo que precisas fazer é saudá-la com respeito, com gratidão, e então, dar um passo. Ela irá te envolver por inteiro, irá te guiar sem pesares, sem temores, sem qualquer barreira que tu sejas capaz de criar.
Não traves batalhas desnecessárias contra aqueles que nada podem fazer contra tua força, contra aqueles que nem mesmo conhecem teu nome. Não sejas tola, não entregues aos porcos o que te foi dado pelos anjos. Não sejas fraca, não proclames o que não sentes, mas não busques aquilo que sentes ser oposto ao que amas.
Baixa tuas armas, ergue teus olhos e verás que nenhuma dor terrena é tão grandiosa quanto a divindade de tua natureza, nenhuma tristeza é tão grande que não possa ser sobrepujada, nenhum buraco é maior do que o céu que te serviu de berço.
Seca tuas lágrimas, a não ser que elas sorriam ao sol. Ergue tua voz e eleva o doce cântico dos justos que nada tem além de si mesmo e de suas crenças. Ama teus dias, eles são tua alegria aqui. Agradece ao tempo, ele te magnífica, te concede os sentidos e também te tira o que não és digna de ter.
Segura a terra que te serve de alimento, planta sob teus pés o amor que tens pelo teu próximo, a beleza que os invisíveis vêem. Ergue teu estandarte, reluz ao sol." 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

" O verdadeiro amor lança fora todo temor."

A insipidez dos olhos que deram-me forma tomou seu lugar em mim. Habita serena, como um paladar destemperado, como o sol criado por mãos humanas. Sinto-me frio, vazio, e nada há que mude isso por completo. Nada há que me convença de que sou algo maior do que vejo, nada há que eu saiba que esquente minha vontade.
Basta-me sentir a força que minhas verdades passam-me, basta-me saber que em algum momento, meus passos serão firmes não pela necessidade disso, não por um efêmero medo de não mais caminhar, mas pela sinceridade que inspira sorrisos, pela música que ilumina, pelo aroma que embebeda, pela fé que nada teme [que não se desgasta]. 
Eu sei onde estão minhas estacas, sei onde plantei minhas sementes, sei o que me nutri, e nunca antes ter-me importado o saber [apenas o sentir], esse é agora o solado dos meus pés. 

"Que tem siso"

Escrevo a ti sem grandes pudores, sem grandes ambições. Uma simples tentativa de entender o nó sobre meu pescoço, e enrolar um pouco as linhas sobre o teu.
Como já foi dito por uma sábia pensante antes de mim, “não sei contar com números”. Não os quero, toma-os se quiseres, mas não ouse oferecê-los a mim como se fosse tudo que tu pudesses me dar.
Quero tua poesia, teu aroma, teu frescor. Quero o que és, não o que sabes ser. Quero o que sentes mais do que tuas palavras. Se não tens como me fazer subir aos céus com tua voz, que tu me faças então ver o chão de perto graças a tua ausência. 

"Que teus passos, 
teus pássaros,
teus versos sejam livres no ar.
Que no tempo encontres o teu lugar."

sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Nada sois que eu me sinta."

[...]

- Covarde és tu! Que só apareces quando ninguém mais está por perto.
- Não sejas petulante criança.
- Perdoa-me, esqueci que este é o teu papel. Que direito é esse que tens de vir até mim e perscrutar meus olhos à procura do teu reflexo?
- Por que não me mandas embora?
- Porque não me ouves, já fiz isso antes.
- Não, me mandaste sair, mas não foste dormir. Não sejas estúpida, ou tua hipocrisia vai te engolir.
- Desde que ela não me mastigue como tu fazes...
- De que tanto reclamas? Só estou aqui porque tu deixas, sabes que só sou forte na tua fraqueza, sabes que pouco me importa a dor que te causo, mas vou atender a teus pedidos se pelo menos tu ouvires e sentires o que dizes.
- És egoísta, aspiras todo ar em volta de ti.
- És fraca, me alimentas. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Papel passado e presente.

Desconheces o meu rosto, e minha doce esperança de que tu voltes torna-se vã a cada letra que de ti sai. Nada que eu possa te ofertar te fará novamente vivente. Não há nada que te possa fazer respirar o ar que agora me sufoca.
Queria poder tocar teus cílios e dizer-te que nada mais sentirás, e declarar-te com a certeza dos sábios que nada mais te afastara deste lado de nossos olhos, mas sabes que o dia já findou sob teus pés, e agora, estás tu, tão expansiva sob os meus.
Que a semente que deixaste nas mãos de teu amor honre tua cor, teu sopro, teus suspiros e tua rouquidão. 



sábado, 4 de fevereiro de 2012

Cuidar de amor exige mestria.

Meu sorriso alargou-se como teus pés o fazem quando emprestas teu espírito a felicidade que traga teu ar. Teu sopro chegou aos meus ouvidos e as gargalhadas me coçaram a garganta.
Meu coração pulava inquieto como a fera que tu dominavas diante de mim. 
Queria poder te tomar nos braços e dançar com teu riso a luz dos vagalumes, ao som dos vagabundos, sobre a serragem que te serve de terra.
Quão maravilhoso és! Expões tua alegria sem o estúpido medo de perdê-la, mas com o puro desejo de torná-la cada vez maior, assim, poderias tocar até o mais carrancudo lábio.
Meu doce querido, que teu nariz eternamente tenha a cor de teu coração.

" Cada vez que a tenda se erguia, a palidez de seu rosto fugia." 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Afinada em ré por obséquio.


[...]

- Onde estavas antes de vir pra cá?
- No céu.
- Não sejas tolo. As pessoas vão para o céu, não vêem dele.
- Pois eu caí dele. Ele me cuspiu em plena quarta-feira de manhazinha. Nasci junto com o sol. E por três dias me alimentei de terra.
- De onde tiraste essa história absurda.
- Não tirei ela de lugar nenhum. Nasci assim. Não acreditas? Não vês minha cor? De tanto comer terra fiquei pretinho feito ela.
- Tens um umbigo menino. Nasceste de uma mulher como todos os outros. Isso tudo é só vontade de explicar de onde vieste.
- De onde vieste?
- Do ventre de uma mulher.
- Isso tudo é só vontade de explicar para onde vais.