segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Nuumita.

Já não me bastava mais o amor sem sacrifício, o doce sem seu contraste, a gaita sem o blues. Não me servia mais a abundância. Não me servia o poder, a sabedoria se eu não pudesse usá-los. Não me servia a roupa se eu não pudesse rasgá-la. Não me serviam as mãos se nelas houvesse algo, não me servia a mente se dela nada saísse. Não me serve a lógica se com ela vier a resposta. Não me serve a cor se dela nascer a moda.
Preciso de menos pra chegar no maior, num plano diferente. Não me basta vibrar na mesma freqüência e nem amar com a mesma reverência. Teu louvor é vão, tua expressão é fria e tua vontade é vã. 

"Teu caminho teus pés cantarão e tua boca o luar iluminará, teu coração, o sol pra sempre será."


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Qualquer coisa que se sinta.

Eu recolho minhas palavras do chão e minhas cores das paredes. Fecho meus livros, e silencio minha música. Apago minha arte, sufoco meus soluços. Maquio minha vontade a alegro teu semblante. Tiro o pó, lavo as roupas, para que delas saiam o meu perfume. Deixo os vidros brilhando, alimento os teus peixes e molho tuas plantas, viro teu cristal pro sol, e escancaro a janela. 
Não sei se isso vai ajudar, não sei se vai fazer mais sentido do que faz agora, e sinceramente, creio que não esperas um sentido, um plano de voo. Esperas, e esse é o problema, não sabes o que e nem como esperar. Então, enches teu tempo com idéias compradas, com vontades banais e palavras mal escritas. Finda teu dia maldizendo o seguinte, começa teu dia meditando o sol. Escarra nas respostas e grita por liberdade. Escreve, canta, dança e ri, mas por dentro estás seco, vazio.  
Termina um livro, começa o teu. Ouve uma música inteira e espera ansiosamente pela próxima. Limpa uma peça de cada vez, movimenta um peão de vez em quando. Olha o sol sem esquecer teu amor por ele, agradece pela comida que te mantém em pé, e compartilha a vida que tens em mãos. Abre teus braços e aceita o que te for necessário, não seja fraco a ponto de pensar que o que quer que venha, não é bom o suficiente. Ergue tua cabeça, só assim poderás ver o horizonte que se estende alegre diante de ti. É melhor olhar para frente. “É melhor olhar para cima.” 

"Socorro alguma alma mesmo que penada, me entregue suas penas, já não sinto amor nem dor, já não sinto nada. 
Socorro, alguém me dê um coração, que esse já não bate nem apanha. Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa que se sinta. Em tantos sentimentos, deve ter algum que sirva."

Suas crianças derrubando reis.

Vomitas tua vontade sobre minha mesa, tu cospes tuas palavras no meu rosto e esperas que o vermelho não seja a minha cor? Que meu som não seja estridente? Pregas o amor a ti, mas não amas teus condescendentes, julgas sem piedade e esconde teu rosto quando a culpada és tu!  Tuas ruas são escuras e tua música é bonita, sedutora; mas de que nos serve? O que nos diz além do teu desejo de que consumamos nossas vidas contigo? Escolhes os mais fracos, os mais novos neste mundo, e fazes deles cruéis como tu, indiferentes como teu espírito de porco. Julgas indigno aquele que não dá a vida por ti, mas matas o que confia no teu poder. Que tipo de heroína és tu? Enquanto teus filhos morrem em meio a lama, lavas tuas mãos sucessivas vezes, esperando não manchá-las com tua crueldade, tua corrupção. Enquanto teus filhos dormem sobre finos papéis, teus pés dançam no mais glorioso salão, abominando o chão sujo que proporcionas aos que não têm a honra de subir ao teu palácio. Te alimentas da esperança dos teus filhos, e depois, joga-os para o alto, esperando que a queda seja grande o suficiente para que te temam com mais humildade. Transformas a fome dos teus filhos em paradoxos, em meros devaneios. Mas muitos de nós sobrevivemos a ti, sobrevivemos a tua fome, sobrevivemos ao teu poder e qualquer outra coisa que fores capaz de nos impor, de tentar nos fazer engolir. 


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dê-me seu amor que dele não preciso.

É na boca vermelha que teu sangue corre mais quente e mais depressa. É na dança cigana que tua alma ganha asas. É no riso escandaloso que tua vontade corrói. É na vontade que teus filhos nascem, na verdade que teus grilhões se erguem. É no escuro que enxergas melhor, é na sombra de quem foi que vives. É no âmago que te servem teu alimento, nos corações que cravas tua bandeira. 
És cruel com os fracos e resoluto com os fortes. És doce com os que te concedem um espaço em si e majestoso com aqueles que te buscam. Tua glória é tão terrena quanto tuas vontades. Teu egoísmo excede tuas barreiras, tua palavra é estridente como o ruído da porta batendo atrás de ti. És uma montanha, uma vontade, um segredo, és palavras, som e toque. És um nada repleto de possibilidades, um desejo repleto de pesares. Preenches o vazio com tua escuridão tão densa, alivias o peso daquilo que é destinado a ensinar, és rápido em dar e ávido em disparar teus tapas. Cantas o universo, a vontade, a música, o corpo, cantas a vida, aquela que dizes pertencer apenas aos audaciosos, aquela que te alimenta. Tua sobriedade é falsa, tua sanidade flerta com a lua.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Não se apaga o fogo com fogo na mão.

Por que preferes sussurrar tuas palavras ao vento? Não sabes que ele não te ouve? Meu bem, não sejas tolo a ponto de pensar que só porque queres, as coisas pousaram diante de ti, com lindas asas brancas. Tua vontade dita teu rumo, tua respiração não condiz com teus olhos, que tem as pupilas cada vez mais dilatadas.  Mordes teus lábios como se fossem a mais apetitosa fruta. Serras teus olhos como se assim, com a visão turva as coisas fizessem mais sentido. Desiste. Não terás certeza de nada daqui pra frente. A porta que abriste lá atrás com tanta força, não se abrirá novamente. O pote que com tanta sede secaste se encherá sucessivamente daqui pra frente, mas isso não te saciará, não até perderes totalmente teu controle. Então, saboreia cada som, cada letra e imagem nítida, serão poucas no futuro meu querido. Querias conhecer teu extremo? Agora tenhas no mínimo um pouco de força. Ele é mais pesado do que esperavas? Te empresto minha mãos. Queres voltar? Te empresto meus pés. Queres seguir? Te desejo coragem, conhecer a si mesmo pode ser grandioso demais, conhecer o que busca pode ser perigoso demais.