A intensidade que eu buscava nas outras pessoas começou a brotar dentro de mim, de uma forma silenciosa, mas forte o bastante pra me sacudir e elevar. Passei a preferir boca vermelha a olhos pretos, passei a perceber que meu cabelo só combinaria comigo quando eu o aceitasse da forma que era, passei a me vestir e comportar da forma que queria, e as pessoas começaram a se interessar por que eu realmente era e não por que queriam que eu fosse.
Comecei a me permitir falar o que pensava sem ter medo de que alguém não entendesse, os que tivessem a mente aberta pra compreender, esses sim precisavam ouvir. Passei a escrever com mais clareza e prazer quem eu era. Passei a usar os colares que gostava, mas que antes tinha medo que que alguém não gostasse. Passei a preferir cristais a outras pedras, passei a conversar abertamente com aqueles que me interessavam e passavam algo. Passei a tentar gostar do que não gostava graças ao que me era imposto, e aprendi muito com isso. Firmei meus preceitos e princípios, como grandes estacas que não me deixariam cair perante uma tempestade.
Passei a me permitir, a me ouvir e meditar sobre quem eu era, e descobri que estava sendo exatamente quem estava dentro do corpo que chamo de meu.
Ainda não é simples, mas é prazeroso me olhar no espelho e ver refletida a pessoa que existe dentro de mim. Sinto orgulho daquilo que lutei pra me tornar e passar para os outros.
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