domingo, 13 de novembro de 2011

Kriptônia.

Com tua doce brisa me sopraste a vida, me sopraste o som, a cor, o paladar. Com teu sopro ao meu ouvido, eu pela primeira vez falei, senti, ouvi. Com tua voraz vontade, me deste um pouco mais do que quer que fosse, mas me deste, me doaste, me tiraste. Quando tua presença foi substituída pelo teu silêncio, a tua brisa virou ventania, a cor foi desbotando. Não havia mais vento nenhum, só um calor sufocante. Não sei onde, quando e nem em que olhos voltei a respirar.
 Não sei em que parede joguei minha vontade, em que vaso minhas flores foram plantadas com mais intensidade, em que terra houve fertilidade suficiente para que eu criasse raízes.
Questionei o tempo, o ar, o céu e a água. Cuspi na lógica, chorei por ela e pisei nas palavras desnecessárias. Brinquei ao lado dos leões, dancei em meio ao tornado, cantei desafinado, juntei minha voz no eloqüente hino por liberdade. Mas precisei ponderar alguns passos dados, precisei voltar alguns centímetros, alguns metros, alguns dias, alguns cantos. Precisei me achar de novo, me livrar da tua luz, para que a minha voltasse a ofuscar meus medos.
Enfim, vieste, me deste, me quebraste e sufocaste. És grande demais, sozinho demais. Forte como um dragão, suave como uma das penas que hoje carrego.
Não direi-te mais nada por agora, minhas últimas palavras morreram à beira-mar, foram arrancadas a força pela escolha que não tive. 




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