- O que queres tanto me dizer?
- Minha vontade de dizer já foi embora. Agora, estou prestes a gritar meu bem.
- Então grita.
- E desde quando ouves os gritos que não são teus.
- Não sejas hipócrita. Te ouvi, te implorei que me ajudasses, que me esclareces as coisas. Me deste as costas.
- Não tenho o dever te de esclarecer nada. Faço o que bem entender. Tenho esse direito.
- E egoísmo agora é direito? Tu não percebes que és cruel?
- Tu gostas que te implorem pra que tu explique quem és?
- Não foi isso que eu fiz. Apenas queria ter um pouco de sabedoria pra lidar contigo.
- Não, tu querias me dominar. Tu tentaste, e quando saí do teu controle, quando te dei um único tapa, permitiste que a histeria te encontrasse. Não sejas hipócrita tu.
- Consegues ser gentil de vez em quando?
- Só quando me permitem. Consegues equilíbrio de vez em quando?
- Pensei que isso viesse de ti.
- Sabes que minhas mãos não querem esse peso. Ele é só teu minha querida. Não sejas tola a ponto de colocar qualquer culpa vã em mim. Não sou responsável por ti, em nenhum pedaço de mim.
- Não sejas tão frio.
- Tenho mais o que fazer, e não preciso de ti como tu não precisas de mim. Posso ir embora agora? Vou ser mais doce quando me soltares.
- Não tem nenhuma corda me volta de ti.
- Tem tua vontade em volta de mim. Me deixa ir de uma vez, não precisas disso, e preciso respirar aliviado.
- Sabes que vem chuva não?
- Que morras afogado.
- E quem vai juntar teus frangalhos?