quarta-feira, 30 de novembro de 2011

73 ou 37?

Quem diria que há alguns passos do precipício, a lógica, envolta por belos sorrisos me envolveria por inteiro?
Quem diria que em algum momento eu entenderia algo, e que as respostas seriam mais atraentes do que as perguntas?
Quem saberia que em um dado momento a luz iria envolver meu âmago de tal forma?
Quem diria que eu teria esperado por isso a cada desesperado soluço, a cada letra que era por mim pronunciada?

domingo, 27 de novembro de 2011

Apoteótico

"De cabeça baixa e mãos atadas, recuso-me a aceitar as esmolas que me dás.
Não me servem de nada se não vieres junto.
Eu sinceramente quis teu nome estampado em meu rosto.
Quis que em teu toca-discos minhas melodias se desenrolassem.
Quis que em teu sorriso meu dia nascesse.
Quis tão pouco e nem isso pudeste me dar.
Quis com tamanha humildade, e com teu esplendor sufocaste a beleza de minhas palavras.
Fizeste-me uma simples rosa em um jardim morto.
Perdi minha cor, meu aroma, perdi e perdi querendo ganhar.
Que os céus que eu tanto evoquei me perdoem, e entendam enfim:
Eu não queria tua vida inteira.
Eu só queria alguns cantos, algumas fagulhas, centelhas... Só queria um pedaço que se encaixasse no meu vazio.
Tomaste de mim até a dor que me inspirava.
Agora, nada tenho."


sábado, 26 de novembro de 2011

Meu moinho

Que o futuro, o sentimento, a dúvida,  a força, a confusão que me embala... Que eles misericordiosamente me perdoem. 

Virei meu rosto com a sutileza de teu tapa.
Teu sorriso em meu rosto refletiu-se.
Então por que diabos tua doce presença não me torna mais leve perante tua ausência?
Quis apenas o doce de teus olhos desfrutar, mas o temor de que no fim o doce fosse o mais amargo fel, impediu teus olhos de procurarem os meus. Assim, senti-me mais forte perante uma vontade que eu mesma desconhecia, mas dentro de mim, algo se formava; um nó talvez. 
Dentro de mim, algo se retorcia, como minhas mãos, que nervosamente brincavam com puro cristal que não admiras.
Vi em meu rosto, estampado o semblante das poesias que me deste, eram doces, difíceis, dolorosas para um ser tão confuso como o que habita meu corpo. 

"Queria ser tua poesia.
Tua doce maresia
Fazer de ti meu dia
E à noite, descansar sobre teu sono meu pesar."


domingo, 13 de novembro de 2011

Roubaram o martelo de Thor.

A tua sanidade repleta de pesares contrasta com a felicidade que carrega nos olhos. Tua calma, doce e leve irrita tuas mãos, fazendo com que elas tremam de uma forma quase despercebida. Tua gaita grita e tua voz chora. Tuas palavras são claras: não queres quem te afague a cabeça ou quem te cubra antes de dormir. Lembras com amargura dos teus dias passados, já desististe de descobrir pra onde eles vão?  
Sentes o sangue dos antigos correndo em tuas veias e a nostalgia te abraça, te envolve e te espreme, até que de ti saiam algumas lágrimas, tão raras quando a água no sertão em que teu espírito vive. Te cortas e nada sentes, te curas e nenhuma gratidão é capaz de te tocar. És um visionário incompreendido, és como os sábios que morreram sozinhos.
Reforça teus pés, fecha tuas mãos e sente a chuva que te molha. Levanta! Vai, quebra os muros que te cercam, derruba as estátuas que não admiras, cospe na corrupção que corrói, grita tua dor e tua mente. Te liberta antes que te engulam! 

Kriptônia.

Com tua doce brisa me sopraste a vida, me sopraste o som, a cor, o paladar. Com teu sopro ao meu ouvido, eu pela primeira vez falei, senti, ouvi. Com tua voraz vontade, me deste um pouco mais do que quer que fosse, mas me deste, me doaste, me tiraste. Quando tua presença foi substituída pelo teu silêncio, a tua brisa virou ventania, a cor foi desbotando. Não havia mais vento nenhum, só um calor sufocante. Não sei onde, quando e nem em que olhos voltei a respirar.
 Não sei em que parede joguei minha vontade, em que vaso minhas flores foram plantadas com mais intensidade, em que terra houve fertilidade suficiente para que eu criasse raízes.
Questionei o tempo, o ar, o céu e a água. Cuspi na lógica, chorei por ela e pisei nas palavras desnecessárias. Brinquei ao lado dos leões, dancei em meio ao tornado, cantei desafinado, juntei minha voz no eloqüente hino por liberdade. Mas precisei ponderar alguns passos dados, precisei voltar alguns centímetros, alguns metros, alguns dias, alguns cantos. Precisei me achar de novo, me livrar da tua luz, para que a minha voltasse a ofuscar meus medos.
Enfim, vieste, me deste, me quebraste e sufocaste. És grande demais, sozinho demais. Forte como um dragão, suave como uma das penas que hoje carrego.
Não direi-te mais nada por agora, minhas últimas palavras morreram à beira-mar, foram arrancadas a força pela escolha que não tive.