sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

"Sabes que encontrei graça em teus olhos."

Queria que meus votos da mais pura felicidade, do mais sincero sorriso dançassem em volta de ti. Mas tuas lágrimas embaçam tua visão. Te impedem cruelmente de ver a grandiosidade de teu amor.
As palavras duras que vem de fora ferem tua força, eu sei. Mas por favor, te imploro que não esqueças do que carregas em teu olhar, em teus atos, em teus semblante. Que não te percas em nenhuma lamúria desnecessária, que não acredites no que o pessimismo te dita.
Meu doce amor, que te envolvas em teus sorrisos, que te surpreendas na tua grandiosidade, que te encontres em teus passos.
Sabes que nosso querido mestre não nos prometeu facilidade em segui-Lo, vontade plena, força a todo instante, sorrisos sem lágrimas, verdades sempre consoladoras. Mas sabes também, que Ele nos deu a mais plena certeza, de que se fossemos humildes, fortes o suficiente para buscá-Lo em nossos dias, em nossas vontades e em nosso amor, nossos passos não seriam guiados pelo tempo, mas pelo amor que Ele nos destinou. Prometeu-nos que se buscássemos ao menos segurar com força nossos valores, nossas verdades, ninguém seria capaz de tirá-los de nossas mãos, ainda que elas estivessem cansadas.
Ele deu-nos a certeza de que nos basta a crença, o amor, a esperança, nossos joelhos dobrados e nossas vozes unidas em um belo cântico.  

“ Que a lógica ceda pra mágica seu turbilhão”

Minha bela criatura, desperta!
Não crie barreiras intransponíveis nas clareiras que percorres. Não te tortures por tão pouco. Não permitas que dúvidas fúteis e meias verdades plenas apaguem a plenitude do que vives.
Não és um ser humano comum, nenhum de nós é.
Somos filhos de pais heróis, filhos de países decadentes, filhos de tradições infundadas, de etiquetas estúpidas, e aqui estamos.
Sobrevivemos a catástrofes, a dor, ao caos, a sentimentos mais perigosos do que desastres naturais e aqui estamos!
Por favor, não temas as respostas concretas demais, elas somem fácil. Mas busques tua vida no que tu não és capaz de tocar, porque quando conseguires tocar o que te inspira, terás a certeza de que buscaste com todo teu ser. 



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ao meu amigo tempo

"Deste-me teu coração." 
Emprestaste-me teu coração. Regaste meu jardim. Serviste-me de tinta, de papel, de história.
Foste gentil quando pudeste, quando a felicidade te deu o ar de sua graça. Fizeste-me um pouco maior em tamanho, em força, em dias.
Mas em algum momento, a sutileza te foi tirada. Teus doces sorrisos tornaram-se duras palavras. Não sei por onde andavas quando eu por ti clamava. Amaldiçoei até mesmo tua capacidade de tudo reparar. E então apareceste de novo. Com as mãos em frangalhos, explicando que tua tentativa de juntar todos os pedaços das coisas que joguei longe em meus acessos de alegria ou tristeza, foi vã.
Com um sorriso simples, sincero, e morno disseste que não querias ter pulado para tão longe, não querias ter te ausentado, ter desaparecido. Mas o que pudeste fazer se meus olhos fecharam-se sem nem mesmo uma gota de sono?
De qualquer forma, peço-te humildemente perdão. Por todos os votos vãos, todos os dias escorregadios, todas as palavras que não saíram. Peço-te que me carregues no teu colo por algum espaço de dias, até eu agüentar o equilíbrio que agora me dás, até eu me acostumar com o aroma das novas flores que plantaste. Até eu ser forte o suficiente para te agradecer por tudo. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

"Diante de quem tu és o quê?"

Meu amor tinha gana de cantar o sol.
Pedia com reverência uma oportunidade para se sacrificar. Não precisava ser por muito, mas precisava ser.
Era egoísta. Queria tudo o que sentia.
Buscava sem descanso nos mais variados lugares as respostas que lhe cantavam. Não achou nenhuma, percebeu então que todos mentiam.
Foi necessário um grande esforço para perceber que os pensantes que lhe contavam histórias não eram cruéis a ponto de lhe mentir em sua inocência, apenas acreditavam no que pregavam.
Eles precisavam acreditar, afinal, também não sabiam.
Depois de muito tempo, meu amor parou de persegui-lhe. Percebeu que o tempo é escorregadio, só é manso quando livre.
Ele era o início e o fim. Não tinha meio. Todo o inicio e fim é meio, é presente, é vivido e só depois, ou antes, visto como passado ou presente.
Meu amor então passou a buscar o fundo. Do poço, da palavra, do sentimento, do paladar, do som, da alma. Ele buscou até acabar com suas últimas forças reforçadas pela vontade. Mais uma vez, só depois - ou durante, depende de onde se esta -, percebeu que tinha o que queria, achou mais perguntas, estava insaciado, queria cada vez mais, mas seu nome trocara.
Qual era seu nome agora? Segredo? Vontade? Grandiosidade?
Pra ser sincera eu não sei, e creio que nem ele sabia, mas o choque de se perder foi grande o suficiente para que mudasse de rumo, de tática. Virou novamente o amor puro, a vontade de doar de olhos fechados, a capacidade de não disciplinar sua pureza, sua grandiosidade.
Conversamos e ele me contou que nada havia mudado. Na verdade, ele habitava o mesmo lugar, habitou todo o tempo em que esteve distante. Não precisava estar em apenas um lugar, podia ser o mesmo onde quer que estivesse. Bastava estar, ter lugar para dançar e criar, ter lugar para sua grande vontade, seu grande espaço.
Disse-lhe que senti medo de que não mais voltasse, de que não mais fosse meu, de que seu nome não mais voltasse a ser o mesmo. Ele riu. Disse que também foi assolado por esses fantasmas, mas sabia que eu era sua cabana, que independente de qualquer chuva assustadora demais, de qualquer sol forte demais, de qualquer dragão simpático demais, de qualquer lua que flertasse demais, independente de quem eu fosse ou quisesse ser, ele teria lugar em mim.
Eu agradeci mais uma vez por tudo. Ele disse que agradecer a si mesmo é besteira, sabemos o tamanho de nossos esforços e dos céus que nos habitam.

domingo, 11 de dezembro de 2011

"Em quem me comprazo"

Sabes que pedir desculpas é algo complicado para nós.
Ambas sabemos que às vezes o orgulho é mais fácil de alimentar-nos que a felicidade de fazer-nos humildes. Assim, não vou pedir desculpas por minhas falhas, por meus erros impensados ou por minhas ações pouco convincentes; vou te agradecer, por tudo que sempre me deste e que ainda me dás.
Te agradeço por todos os centavos que eu talvez não possa devolver.
Te agradeço por todos os gritos e as explicações de que quem ama briga.
Te agradeço pela força com que me seguras até hoje, não mais no colo, mas nas costas, nos olhos, no coração, em todo o teu ser.
Te agradeço por todas as pazes que já foram proclamadas, por todos os desenhos tortos que te faziam sorrir e que com carinho recebias.
Te agradeço pela incapacidade de entender o amor que sentes por mim, isso mostra-me quão incondicional ele é.
Te agradeço por todos os princípios que me passaste, as vezes sem dar-me liberdade para acolhê-los, mas sabendo que eu os receberia de bom grado, já que tu os possuía.
Obrigada pelos pedaços teus que carrego em mim, não digo que sou repleta deles porque me deste a opção de escolhê-los e me deste espaço para preencher-me com os meus.
Obrigada por ensinar-me a falar da forma correta, a ouvir da forma correta, e a dizer o que há por dentro de mim.
Obrigada pelas festas, pelos bolos, pelas lágrimas, pelo carinho, pelas brigas que foram apaziguadas pelo amor, por me fazer ver que meus medos não são maiores que eu.
Obrigada pela vida que me deste, e que aos poucos, muito “poucos” estás entregando em minhas mãos.
Simplesmente, obrigada. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Por quão importuno o sussurro pareça."

"Que tua vontade não caiba numa peça.
Que nenhum passo te seja firme o suficiente para não buscares o seguinte.
Que clareie dentro de ti o dia, e que a noite não te seja inimiga.
Que namores a lua como a rua que se estende perante ela.
Que busques com fervor teus dias.
Que ouças com reverência o silêncio de uma cidade adormecida, e que com eloqüência cantes teu hino.
Que não busques teu ser no viver de teus semelhantes.
Que não busques na bola de cristal teu futuro, mas que convenças o destino a te ouvir.
Que saibas mais amar do que querer, que saibas mais doar do que respirar.
Que tenhas em teus olhos o segredo que buscas.
Que não te percas nos cantos alheios, mas que em cada beco dentro de ti encontres um pouco de ar."